Adriane Freitas, a mulher à frente dos reality shows no Brasil

De entretenimento real, Adriane Freitas entende. Para a CEO da Endemol Shine Brasil, produtora brasileira responsável pelos reality shows de maior sucesso no país, como The Masked Singer, The Bridge, Casamento às Cegas e Big Brother Brasil, os projetos do gênero não devem ser encarados como antes, porque hoje o público assiste a um programa em várias janelas. “Precisamos conseguir entreter. Não podemos mais criar uma estratégia de reality para uma única tela, como a televisão, por exemplo.” Ela diz que é preciso ter histórias reais incríveis, com bons participantes e um produto visual de qualidade que gere comentários do público. “Bom entretenimento é aquele que vira a conversa da pizza do domingo à noite com a família.” 

As palavras da executiva, conhecida como “Nani” entre colegas, amigos e familiares, não são apenas música para os ouvidos da indústria e das marcas. Na liderança operacional da empresa, em 2021, no meio da pandemia, ela praticamente dobrou sua receita. Em novembro do mesmo ano, alcançou o posto máximo de CEO na companhia, onde entrou em 2016 e passou pelos cargos de gerente de projetos digitais e de TV, vice-presidente de produção e operações e Chief Operating Officer 

Para ela, o sucesso da produtora brasileira, que pertence à francesa Banijay, maior grupo de produção e distribuição de conteúdo audiovisual independente do mundo, deve-se às suas grandes produções, mas também à busca constante por inovação e pela criação de um conteúdo que faça sentido para a cultura local. No caso do que entretém os brasileiros, a resposta está na ponta da língua: a vida real. 

“Acho que, se antes os brasileiros assistiam às novelas para acompanhar a história de alguns personagens, hoje eles querem ver pessoas reais. Fazemos realities, e mesmo os games precisam de seres humanos por trás dos objetivos. Contamos as histórias dos participantes, como eles chegaram ali, como viveram até estar naquele lugar. Nós licenciamos muitos formatos e adaptamos alguns que já aconteceram de outras maneiras, e acho que olhar para a cultura dos brasileiros e trazer personagens de verdade é primordial para um produto de sucesso”, diz. 

Nani Freitas, CEO da Endemol Shine Brasil.

Coincidência ou não, a trajetória de Adriane, que tem apenas 41 anos, traz muito da personagem real por trás de sua liderança determinada. De família pobre, ela diz se inspirar desde nova na mãe, que migrou cedo com a família de Brasília para São Paulo, onde foi empregada doméstica. Já a executiva sempre quis trabalhar na televisão, mesmo sem saber direito como chegaria lá. E não deu outra: ela começou a atuar na área aos 18 anos e, aos 23, assumiu a coordenação executiva da TV Bandeirantes, numa época em que os cargos de liderança de uma grande empresa eram ocupados por homens e profissionais mais velhos. 

“Minha mãe era uma mulher batalhadora ao extremo. Me considero muito privilegiada, porque ela sempre foi muito focada em dar às filhas o que não pôde ter e fazer com que minha irmã e eu tivéssemos educação e uma vida melhor. Ela trabalhava demais, mas conseguia dar e ensinar o amor, o que era certo e errado e onde tínhamos que focar. O que sou hoje e onde cheguei é parte do que ela sempre ensinou: que resultado vem por meio do trabalho que você constrói, respeitando seus valores e ideais.” 

Nani perdeu a mãe neste ano e conta que, com sua filha de 7 anos, tenta reproduzir os ensinamentos da progenitora sobre maternidade e conciliação entre trabalho e vida pessoal. “Ela saía de casa todos os dias muito cedo e voltava depois das 8 da noite, mas sempre fui enlouquecida por ela. Brinco que, se eu tiver um terço da sabedoria dela para criar minha filha e ensinar o que é o mundo, estarei realizada. Ela sempre dizia que eu podia realizar tudo o que queria e nunca deveria deixar ninguém me fazer pensar o contrário. Também sempre prezou pelo tempo de qualidade com a família e os amigos, e essa é uma das coisas que eu mais valorizo hoje.” 

Para Adriane, sua vida profissional é motivo de orgulho e fruto de muito foco. Ela diz que, quando entrou na indústria do audiovisual, escolheu guinar a carreira para onde teria retorno financeiro e prazer. Foi assim que a produção de entretenimento apareceu como o caminho para chegar lá. Após um período no SporTV, na New Content e em outras produtoras, ela chegou. 

“Eu sou essencialmente produtora. Liderar, hoje, uma das maiores produtoras de audiovisual do Brasil é um orgulho muito grande, porque construí minha carreira visando isso. É uma trajetória de muito trabalho, dedicação, mas muito foco em atingir meus objetivos. Quando falei pela primeira vez como CEO para todos, disse para as pessoas olharem para minha trajetória e entenderem que é possível chegarmos no alto com muito trabalho, empenho e dedicação.” 

MARCAS, TV E ENTRETENIMENTO 

Ao refletir sobre a possibilidade de a TV estar perdendo espaço no entretenimento, Nani tem certeza de que está longe de ser o caso. “Acho que há lugar para todo mundo. Antes eram poucas as emissoras de televisão líderes de audiência, mas hoje temos mais opções, e há público para todas as plataformas. Isso causa no mercado o desafio de inovar, porque está todo mundo buscando a melhor qualidade e entreter de verdade, e isso é muito bom para o público.” 

A executiva, que conta com uma bagagem extensa de projetos de branded content, com 19 apenas na Endemol, como Cabelo Pantene, Fora da Rota (Stella Artois) e Mestre Cervejeiro (Eisenbahn), pensa no formato como desafiador para as marcas e também para a audiência, mas acredita que a mentalidade do mercado está em transformação e já deu grandes passos nesse sentido.  

“As marcas precisam entender que não é sobre 30 segundos ou sobre um product placement puro e simples. É sobre uma nova forma de vender. Estamos falando em produzir um conteúdo relevante de verdade para a audiência no contexto de um produto. É sobre contar uma história, trazer o produto para ela de maneira mais ‘orgânica’. A audiência, do outro lado, passou a entender que é possível ver o produto enquanto aprende e se diverte ao mesmo tempo.” 

Boas histórias, diversão, engajamento e estratégia multitelas parecem ser as palavras de ordem para todos os produtos da Endemol no Brasil. “Precisamos dar valor a todos os tipos de audiência. Hoje não criamos nenhum projeto pensando numa única janela. Inclusive, temos uma audiência altíssima no YouTube. Quem não assiste ao Masterchef na televisão, vê lá. Mesmo no conteúdo para marcas, nosso objetivo é entreter, contar histórias interessantes e fazer com que elas sejam comentadas. Quando conseguimos atingir o público nesse nível de engajamento, em que todos querem estar ali para se divertir, questionar, montar grupos de família para falar bem e mal, nós chegamos lá.” 

Nani não é exceção à regra brasileira. Ela conta que gosta de todos os reality shows produzidos pela Endemol Shine Brasil, sobretudo porque os vê como filhos. “Assisto mesmo, e sou do tipo que fica indignada. Não estou diariamente na operação, e devo confessar que às vezes gosto tanto de um programa que prefiro não saber o resultado antes, como foi o caso do Masked Singer”. Ela conta que a decisão de permanecer ignorante sobre o reality foi sustentada pela confusão na família sobre saber quem eram os cantores mascarados antes da hora. “Na hora de desmascarar o artista, quando todos saíam do estúdio e desligavam as televisões para ninguém ter acesso à informação, eu pensava ‘será que vou conseguir segurar toda essa ansiedade? Será que não é melhor ir lá dar uma olhadinha?’.” 

OLHAR INCANSÁVEL PARA O FUTURO 

Apesar da certeza de que os brasileiros gostam de reality shows e de que a paixão é duradoura, Adriane diz que a Endemol tem uma visão muito centrada no futuro. “Brincamos que somos incansáveis, e acho que estou na empresa porque tenho a mesma mentalidade. Minha mãe e meu marido falam para eu parar, mas nosso espírito é de pensar constantemente no que iremos fazer de novidade.” 

Para a produtora, o gênero documentário representa esse desejo pelo novo. Embora já tivessem vontade de apostar no formato há algum tempo, a Endemol não queria correr o risco de não fazer direito, então o início do projeto não aconteceu do dia para a noite. Mas agora foi. Desde 2021, eles estão à frente da produção de um documentário sobre a vida da apresentadora Xuxa Meneghel, dirigido pelo jornalista Pedro Bial, que será exibido inicialmente pelo Globoplay. “Nosso objetivo é que seja o primeiro de muitos. Temos criado muitos projetos originais, e queremos produzir cada vez mais diferentes formatos aqui no Brasil, sempre buscando novos modelos de negócios em que possamos inovar.” 

Mesmo com o olhar para voltado para as novidades, um campeão dos realities da Endemol se supera há décadas em tradição e inovação. Big Brother encontra no Brasil o país com mais edições e uma sequência de recordes de votações em sua história. “Os colegas de outros países não acreditam. Os brasileiros se envolvem muito e vivem o reality de verdade. E, de novo, com a opção de tantas telas, é impossível que seja diferente. Você fala do participante como se fosse um amigo, porque ele está na sua vida e nas suas conversas o tempo inteiro. E são pessoas reais que poderiam ser você, vivendo a vida com tudo o que ela tem de bom e ruim. Muita gente questiona se o Big Brother é roteirizado, mas é real, não tem isso. E os participantes entram e desmontam, porque vivem coisas que não imaginam, então acho que os brasileiros gostam porque identificam que são pessoas reais, e aí passam a participar das histórias. Acho que esse é o sucesso.” 

LIDERANÇA REAL E DIVERTIDA

Ao falar de desafios, Nani elege o maior deles: continuar fazendo com que a Endemol Shine Brasil, uma empresa em ascensão, no topo e muito visível no país, cresça, sem perder de vista a liderança das pessoas e a coerência de discurso. “Tento ser no trabalho o que sou na vida, o que ensino para minha filha e o que sou para minha família e meus amigos. Busco ser coerente em todas as áreas.” 

Mas, para ela, tudo está apenas começando. “Sempre que dou alguns passos, gosto de aproveitá-los um pouco para seguir para o próximo. Ser CEO de uma empresa como a Endemol me dá muito orgulho, e ao mesmo tempo muita responsabilidade e trabalho. Para minha carreira, quero continuar fazendo com que essa empresa cresça, olhando sempre para novas possibilidades e entregando produtos de qualidade. Ainda tenho muito trabalho para fazer aqui.” 

Com mais de 20 anos de carreira na área de produção executiva, Nani parece não perder o brilho e a diversão, fórmula do sucesso nos reality shows, em sua carreira e na vida pessoal. “Adoro me divertir. As pessoas falam que não entendem como trabalho muito e ainda consigo curtir com a minha família e sair com amigos. O ponto é que, se eu perder esse lado, perco quem sou no trabalho. Gosto de estar realmente com a minha filha, seja por muito ou pouco tempo. E, sim, adoro tomar cerveja com amigos. Diversão precisa estar em tudo para mim.” 

 

Entrevista realizada por Meio & Mensagem para a Women To Watch Brasil.

Endemol Shine Brasil leva ‘reality shows’ a todos os lugares

O interesse contínuo dos espectadores pelos “reality shows” fez da Endemol Shine uma das maiores e mais prolíficas forças desse segmento no mundo. Agora, a companhia de origem holandesa – dona de formatos como “Big Brother”, “MasterChef” e “The Wall” – está usando a experiência de criar, produzir e distribuir esses programas para explorar novos segmentos. No Brasil, a empresa reforçou os negócios de conteúdo para marcas, fechou acordos com serviços de streaming e vai estrear em um gênero inédito em sua trajetória: o documentário.

“Nosso desafio é descobrir maneiras de trazer novidades a formatos consagrados. A inovação não está só nas produções, mas também dos modelos de negócio”, diz Nani Freitas, CEO da Endemol Shine Brasil.

A empresa desenvolveu 20 projetos no país neste ano até agora – 13 foram finalizados e os demais estão nas fases de pré-produção, produção ou gravação. O número é semelhante ao do ano passado, quando a Endemol produziu 21 programas diferentes. “Dobramos o faturamento em 2021 e a expectativa é fechar este ano com crescimento de 20%”, afirma Freitas.

Entre os fatores que deram impulso ao desempenho estão os acordos com as plataformas de streaming. “Até dois anos atrás, esses serviços basicamente só se concentravam em dramaturgia, mas isso mudou”, diz Renato Martinez, vice-presidente de venda de conteúdo e aquisições da Endemol Shine. O interesse do streaming ajudou a companhia a diversificar a base de clientes, antes orientada quase exclusivamente à TV, e a testar mais formatos comerciais.

Quando chegou ao Brasil, duas décadas atrás, a Endemol Shine só licenciava seus produtos. Mais tarde, passou a coproduzir parte dos títulos. Hoje, também presta serviços sob encomenda – adaptando e produzindo “realities” que não são sua propriedade – e atua na concepção dos “originals”: formatos desenvolvidos no país.

Renato Martinez, VP de Content Sales e Acquisitions, e Nani Freitas, CEO da Endemol Shine Brasil.

“Essa evolução faz parte do processo de maturação do mercado”, diz Martinez. Nos últimos anos, a produção audiovisual ganhou força no país, impulsionada pela Lei da TV Paga (Lei 12.485/2011). Ao garantir espaço para as produtoras independentes, a legislação ajudou a conduzir o mercado até sua fase atual, afirma o executivo.

Os “originals”, nos quais a Endemol tem grande interesse, variam em relação aos direitos autorais. A companhia pode manter-se dona do programa, colocando-o em seu catálogo internacional, ou vender a propriedade para um canal de TV ou serviço de streaming. É o caso “Queen Stars Brasil”, competição de drag queens que a Endemol criou e produziu para a HBOMax.

Entre os formatos de terceiros, exemplos recentes incluem a produção de “Casamento às Cegas” para a Netflix e de “Rio Shore” para a Paramount+/MTV.

“Reality shows” fazem enorme sucesso no Brasil. O formato chegou ao país no início dos anos 2000 e desde então coleciona histórias de sucesso. O Big Brother Brasil, por exemplo, está no ar ininterruptamente desde que estreou na Globo em 2002. Na edição de 2020, entrou para o livro dos recordes com um “paredão” entre os rivais Manu Gavassi e Felipe Prior. O embate bateu o recorde mundial de votação em um “reality show”: 1,5 bilhão de votos, mais de sete vezes o total da população brasileira.

Para a Endemol, outro campo que tem crescido é o do conteúdo patrocinado, com “realities” feitos com exclusividade para uma marca. A companhia começou a atuar nessa área em 2017, com “Cabelo Pantene”, criado para a Procter & Gamble.

As ações de conteúdo patrocinado são discutidas diretamente com anunciantes e agências publicitárias. O desafio é integrar o produto ao entretenimento de maneira a estreitar o relacionamento da marca com os consumidores. É o que os profissionais de marketing chamam de engajamento. Do ponto de vista da produção, diz Martinez, planejar e produzir esse tipo de conteúdo é mais rápido que os formatos destinados à TV.

No ano passado, a Endemol lançou o “reality” “Ilhados com Beats” para a cervejaria Ambev, com transmissão pelo Instagram. Comandado pela cantora Anitta, o programa conseguiu atrair, em menos de 24 horas, cerca de 1 milhão de seguidores para o perfil da marca Skol Beats na rede social.

Para a Samsung, a companhia produziu o “Let’s Dance com Nightography”, transmitido pelo YouTube e o TikTok, famoso pelas “dancinhas” dos usuários. No programa, influenciadores tinham de apresentar coreografias usando o aparelho Galaxy S22 5G, da fabricante coreana.

Os programas destinados a marcas deram à Endemol Shine o Prêmio Caboré de melhor produção no ano passado. Pela primeira vez, diz Freitas, uma casa de criação saiu vencedora com conteúdo patrocinado.

As mídias digitais tornaram imperativo considerar a multiplicidade das janelas de exibição na hora de planejar o conteúdo, afirmam os executivos da Endemol Shine. “MasterChef”, por exemplo, vai ao ar na TV aberta, no YouTube e na TV paga, em dias diferentes ao longo da semana. O programa é reforçado com conteúdo adicional exclusivo transmitido pelos seus canais de internet.

O próximo passo na rota de expansão da Endemol Shine vai ultrapassar a fronteira dos programas sem script, como “realities” e competições. Em coprodução com a Globo, a empresa prepara uma série documental sobre a apresentadora Xuxa Meneghel, com direção de Cassia Dian e Pedro Bial. O documentário, que vai contar a vida de Xuxa desde a infância em Santa Rosa (RS), será exibido no Globoplay.

 

Matéria escrita por Revista Valor Econômico.

Tudo sobre reality shows e o que essa paixão diz sobre o público

Se tem uma coisa que o brasileiro ama mais (ou quase) que o futebol, é o reality show. Desde que o primeiro programa do gênero foi exibido por aqui, em 2000, nossa paixão pela não-ficção só tem aumentado. Um estudo divulgado em março pela empresa de tecnologia MindMiners, sobre a relação dos brasileiros com o formato, apontou que 60% dos entrevistados consomem algum reality diariamente, seja para passar o tempo ou por diversão. “A falta de um roteiro totalmente delineado e ensaiado atiça a curiosidade do brasileiro”, afirma o diretor do Museu da TV, Rádio & Cinema, Elmo Francfort.

Segundo o especialista, a correspondência entre pessoas reais, participantes e público – é um dos pontos altos. “A instantaneidade e a espontaneidade também são elementos-chave, porque, mesmo que você tenha linhas que possam dar um certo posicionamento e previsões de jogos futuros, há o fator inusitado, o desconhecido e o improviso. Tudo isso conta”, analisa Francfort. “Além disso, é um gênero que está se reinventando cada vez mais, sempre criando novas fórmulas.” Uma delas é A Ponte: The Bridge Brasil, que acaba de chegar ao catálogo da HBO Max. Com apresentação de Murilo Rosa, o programa acompanha um grupo de 12 pessoas, entre famosos e anônimos, que precisam construir uma ponte no meio da Mata Atlântica – apenas com recursos existentes no local. Ao chegar do outro lado da ponte, os participantes encontram um baú com R$ 500 mil. E aí vem o plot twist: haverá uma votação para decidir quem leva o dinheiro, e o vencedor deverá escolher se fica com tudo ou se divide o valor entre o grupo.

A Ponte: The Bridge Brasil

Para Murilo, o programa se destaca pelos aprendizados e por transformar quem assiste ou participa dele. “A ponte é, na verdade, uma metáfora”, diz. “É sobre as conexões que fazemos nas nossas vidas, no trabalho, nas relações amorosas, então é um jogo de união e não uma competição, mas isso é descoberto ao tempo em que já existem alguns conflitos”. A atriz Danielle Winits, o cantor Badauí, a modelo Suyane Moreira e a cantora Pepita estão entre as celebridades que integram a temporada de estreia.

Como muitos de nós, o ator e apresentador passou a acompanhar reality shows durante a pandemia. “Eu não tinha o costume, mas gostei de alguns. Acho que o formato traz um respiro de todos os gêneros de ficção.” Murilo também vê esse tipo de programa como um espelho social. “A pessoa se projeta ali de uma certa forma, como acontece com as novelas. Ela se identifica com essas histórias e almeja as mesmas oportunidades”, destaca.

Além de uma identificação cultural, os reality shows trazem conexões que emocionam com realidades diversas e histórias reais fora do lugar-comum, como vimos em Queen Stars Brasil, por exemplo. “Desde o lançamento da HBO Max, há um ano, a diversidade e a inclusão são pilares na nossa produção de conteúdo e trabalhamos nessa direção. Nossa estratégia é produzir conteúdos de qualidade com os melhores talentos e parceiros, para contar as histórias que nos apaixonam e atingir o maior público possível”, diz a Diretora de Conteúdo Unscripted da Warner Bros. Discovery da América Latina, Paula Kirchner. Para ela, o gênero veio para ficar e reforça a importância para a plataforma. “Na equipe de Não-Ficção da HBO Max trabalhamos constantemente para que nossa tela tenha cada vez mais lugar para vozes e histórias diversas”, completa. São tantas opções, dinâmicas e temáticas, que é difícil não ser impactado por esse tipo de conteúdo. […] “O interessante é que o reality show é um pouco de todos os gêneros. Uma mistura  muitas vezes perfeita”, analisa Francfort. De acordo com ele, há dois pilares importantes: “aproximação ao extremo do dia a dia das pessoas, e fórmulas que surpreendem por nos levarem a universos impensáveis, com quebras de paradigmas, tradições e tabus.” Mas, acima de tudo, o conteúdo precisa ser bom e gerar engajamento. “Independentemente do gênero, o espectador sempre tem que ganhar e, nesse ponto, o streaming tem a seu favor um segredo: o poder de escolha e a possibilidade de ver de novo.

Pabllo Vittar e Luísa Sonza, apresentadoras de Queen Stars Brasil

Paula também vê isso como uma vantagem. “Estamos vendo uma acelerada transformação do mundo e como, criadores e contadores de histórias, temos uma oportunidade única de nos conectar com nossa audiência como nunca antes”, explica. “Nesse contexto, as histórias desenvolvem seu grande poder de nos aproximar como sociedade e nos ajudar a repensar o mundo”, completa. Mesmo com tantos pontos positivos, ainda há quem critique o gênero e o considere alienante. “O reality, assim como a ficção, é entretenimento, é justamente para ser um respiro à realidade, um momento de descanso. Isso não quer dizer alienação”, defende Francfort. “Quantos temas sociais são levantados nesses programas e acabam tendo maior engajamento junto ao público? Educação, diversidade, preconceito racial, homofobia, intolerância, religião…”

Críticas à parte, o gênero entrega muita coisa boa, seja aquele episódio dramático que nos faz gritar e torcer por nosso participante favorito como se estivéssemos numa final de Copa do Mundo, ou em um programa de culinária que desperta um lado chef que nem sabíamos existir, ou simplesmente alguns momentos de descontração, embalados por performances musicais e artísticas carregadas de emoção. Seja como for, uma coisa é certa: os reality shows são a verdadeira paixão nacional.

 

Matéria escrita por Vogue Brasil.

Conheça curiosidades dos bastidores de realities shows de gastronomia

No Brasil, o formato de reality show de gastronomia se consagrou como um dos conteúdos de maior sucesso na televisão nos últimos tempos. Mas por que será que os brasileiros gostam tanto desse tipo de programa?

Para Eduardo Gaspar, VP do Departamento de Criação da Endemol Shine Brasil, isso está relacionado com o apego afetivo que o público possui não somente com os ingredientes nacionais, mas também com as histórias dos participantes.

Formado em Rádio e TV pela Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Eduardo conversou com a Casa e Jardim para contar um pouco de sua trajetória, curiosidades sobre os bastidores de realities shows, e como os programas de culinária influenciam o público e o mercado audiovisual. Confira a entrevista exclusiva abaixo!

Casa e Jardim: Você sempre trabalhou na TV com gastronomia? Conte um pouco da sua experiência. 
Eduardo Gaspar: Faz quase 20 anos que estou no mercado. Comecei como estagiário na RedeTV!, onde trabalhei em uma revista eletrônica comandada por Olga Bongiovanni. Naquela época, ela ensinava receitas para o público. Eu nunca imaginei que, tanto tempo depois, a culinária sairia daquele papel de ser uma companhia das manhãs e passaria a ser pano de fundo para competições em realities shows. Entrei na Endemol na época da produção da primeira temporada de MasterChef Júnior. Já trabalhei com vários títulos, como Batalha dos Confeiteiros com Buddy Valastro, o Cake Boss; Rolling Kitchen, apresentado pelo Paulo Vieira; e produções de outras temáticas, como Canta ComigoLet’s Dance, e A Ponte.

CJ: Você acredita que o MasterChef foi responsável pelo aumento no interesse de realities de culinária por aqui? 
EG: O Brasil é um país que históricamente assiste programas de culinária. Começou lá atrás com Ofélia Ramos Anunciato, a mãe da culinária na TV. Há ainda grandes nomes, como Cidinha Santiago, Edu Guedes, Palmirinha, Ana Maria Braga e Olga Bongiovanni. Ou seja, a gastronomia na televisão já fazia parte da nossa rotina, porém, o MasterChef fez a virada do bife, usando uma metáfora. As pessoas começaram a entender que esses programas não precisam apenas ensinar receitas. Elas passaram a enxergar a gastronomia de uma outra forma. O MasterChef passou a ocupar um lugar super curioso, que é a de ‘categoria’. A pessoa cozinha em casa e, se o prato é bonito e saboroso, é associado como um ‘prato digno de MasterChef’. Ou seja, o programa mostrou que a culinária pode ir além do caderninho de receitas. Quando fomos produzir a primeira temporada de MasterChef Júnior, em 2015, ligamos para várias escolas de gastronomia, buscando crianças que pudessem participar. Todas as escolas nos agradeciam, contavam que, depois do programa, a procura por cursos aumentou drasticamente.

CJ: Qual o segredo para conseguir inovar nos programas, em um mercado que já tem tantas opções disponíveis? 
EG: Ainda que todos tenham a comida como pano de fundo, não considero nenhum deles iguais. Cada um tem suas características. A Endemol tem vários formatos no catálogo, bastante tipo já foi executado, mas há muito mais por vir. É um assunto que não esgota nunca. Nosso grande desafio é pensar no que ainda não foi feito. E não é só isso. O mercado publicitário vê cada vez mais possibilidades de colocar seus produtos atrelados a um programa de forma orgânica, sem forçar a comunicação de uma marca. A nossa inquietude para criar vem de vários lugares, como memórias pessoais ou até inspiração em outros formatos. Os programas de confinamento e de namoro estão fazendo sucesso, será que daria para juntá-los com o tema culinária?! Não há limites.

CJ: Como deixar um formato internacional com o “jeitinho brasileiro”? 
EG: Não adianta importar, replicar o formato, é importante trazer elementos e ingredientes da nossa cultura para que o telespectador se sinta na sua própria cozinha. Temos um cuidado e respeito pelos nossos sabores e temperos, porque, dessa maneira, dá para acessar diretamente o público, que se sentirá capaz de fazer aqueles pratos apresentados. E precisamos ir além, pensar fora da caixa. Nosso maior desafio é que, com muitos programas de culinária, todos buscam fazer isso de alguma forma. Então, por exemplo, precisamos pensar como falar de um ingrediente tão tradicional, como a mandioca, de um jeito que ainda não tenha sido falado. E, obviamente, há a formação do elenco, que precisa ser diverso e representativo. Isso é muito importante, pois as pessoas querem assistir e pensar que elas, seus amigos e sua família também poderiam estar ali na TV. A culinária nos leva para um lugar de muito aconchego e conforto, e os realities precisam transmitir isso de alguma forma.

CJ: Qual o diferencial do público brasileiro de realities
EG: Somos intensos, passionais. Nós sofremos, rimos, choramos, nos envolvemos. Temos uma trajetória de consumo de conteúdo muito forte por conta das novelas, então os programas de culinária precisam contar histórias, mostrar emoções. Com o advento das redes sociais, isso se potencializou. Antigamente, as pessoas sentavam no sofá, assistiam TV e dividiam a opinião com poucos conhecidos. Agora, elas vão direto para a internet, usam hashtags, postam seus pensamentos. Isso aumentou o poder de engajamento. As pessoas querem fazer parte do conteúdo, colocam-se no lugar dos participantes, essa é uma característica muito brasileira. Isso é ótimo, porque as redes sociais possibilitaram a aproximação cada vez maior e em tempo real com o público. Quando a Endemol Shine Brasil compartilha seus resultados com escritórios de outros países, e citamos número de tweets ou votações, por exemplo, eles ficam surpresos com o nosso alcance.

CJ: Como a chegada dos serviços de streamings mudou a produção de realities shows no Brasil?
EG: A chegada foi muito positiva para o mercado como um todo, porque estimulou a criatividade. Os streamings são mais uma janela de exibição. É mais uma possibilidade para o telespectador consumir o que quiser, e também para as casas produtoras, que puderam colocar mais projetos no mercado. E também é uma janela para o mundo. A depender dos acordos e contratos, dá para atravessar fronteiras e chegar em lugares distantes. Quanto mais produzimos, mais nos profissionalisamos e entregamos melhores resultados. Isso estimula o mercado audiovisual brasileiro.

CJ: Falando nisso, em breve estreará o Iron Chef na Netflix. O que você pode nos contar sobre o programa? 
EG: É a primeira versão brasileira de um programa de gastronomia na Netflix. Foi uma honra receber o convite para a produção desse formato, que já foi realizado na Autrália, Canadá, Estados Unidos, Reino Unido e Tailândia. Com oito episódios, Iron Chef celebra a alta gastronomia nacional por meio de batalhas. Para as gravações, construímos uma enorme arena, onde os iron chefs e os chefs desafiantes protagonizam grandes duelos. Para a versão brasileira, já conhecendo o nosso público, trouxemos um vestiário, onde os chefs desafiantes acompanham e torcem por quem está cozinhando na arena. Assim, dá para ver toda a emoção envolta. O legal é que os iron chefs saem de sua zona de conforto para surpreender não só a audiência, mas também os jurados, a Rosa Moraes e o Laurent Suaudeau. Além disso, em cada episódio, tem um jurado convidado, como Eliana, Péricles e Whindersson Nunes, que trazem uma visão de audiência sobre os pratos. Temos Fernanda Souza como apresentadora, ao lado da chef Andressa Cabral. O programa é de batalha, mas, acima de tudo, de celebração e respeito pela alta gastronomia.

Fernanda Souza, Andressa Cabral e chefs desafiantes em Iron Chef Brasil.

CJ: Como é um dia de gravação de programas de culinária? Poderia nos contar um pouco mais sobre os bastidores? 
EG: Não existe uma fórmula única, cada programa tem suas particularidades. Alguns são gravados em duas diárias, outros em dois dias. Uma parte muito importante são os depoimentos dos participantes, então temos produtores de conteúdo que ficam espalhados pelos cenários, tomando notas dos principais pontos que ocorre para, depois, sentar com eles e pedir que recontem o que aconteceu. Também temos uma equipe de logística que faz a escolha dos ingredientes que estarão disponíveis. Os alimentos que não são perecíveis e não são usados, sempre são encaminhados para doação em instituições pré-selecionadas. Há também uma grande equipe de apoio cenotécnico que faz a cozinha funcionar, que é super profissional, porque não podemos prejudicar nenhum participante. Além disso, há bombeiros, segurança, toda a equipe de câmeras e uma direção guiando. É muita gente, muita pesquisa e muito trabalho que precisa ser bem orquestrado. Saímos de cada gravação com um relatório de tudo o que aconteceu e o que precisamos contar no episódio. O time de edição vai refinando as histórias para contá-las de um jeito que faça sentido e que o público se identificará. Não exite nenhuma manipulação, não tem como, principalmente em um programa de culinária, no qual o resultado depende totalmente do participante. Ah, e o relógio: nós não mexemos nele. O tempo estipulado é real!

CJ: Os jurados sempre participam das escolhas das provas e dos desafios? 
EG: Depende. Temos vários profissionais que nos ajudam a montar cada programa e, claro, os jurados podem trazer ideias. Somamos os conhecimentos de culinária e de fazer televisão para apresentar desafios possíveis, ingredientes que sejam interessantes e mecânicas que ainda não tenham sido feitas.

CJ: Além da comida, os programas de culinária falam de cultura, relações afetivas e histórias de superação. Como você avalia o papel sócio-educativo desse tipo de conteúdo? 
EG: Quanto mais nossos conteúdos tocarem “o coração e a cabeça das pessoas”, mais temos a sensação de que nosso trabalho deu certo. Temos a possibilidade e a responsabilidade de estimular pessoas, além do que estão acostumadas. Quando vimos que a procura por cursos de gastronomia aumentou depois do lançamento de MasterChef, deu um calor no coração, porque mostrou que estamos trazendo esperança para um grupo de pessoas se encontrar, realizar sonhos, obter mais uma fonte de renda. Muitos amadores que entraram nesses programas tiveram suas vidas transformadas. Vários já tinham vontade de viver da gastronomia, mas possuíam medo, e, agora, colocaram em prática seus desejos. Isso é muito legal. Todo mundo tem uma história, algo a acrescentar na vida do outro. A gastronomia e o entretenimento são uma combinação tão boa quanto o arroz e o feijão.

 

Matéria escrita por Revista Casa e Jardim.

Nova temporada de MasterChef Brasil aposta no clássico e soma 13 marcas

Talent show também será transmitido pelo Discovery Home & Health 

Na próxima terça-feira, 17, o reality MasterChef Brasil volta às telas da Band, em sua nona temporada de cozinheiros amadores. O time do programa permaneça o mesmo – Marisa Mestiço segue como diretora da atração, Ana Paula Padrão na apresentação, enquanto Henrique Fogaça, Érick Jacquin e Helena Rizzo, em sua segunda temporada, formam o corpo de jurados. No entanto, a temporada conta com algumas novidades.

Henrique Fogaça, Érick Jacquin e Helena Rizzo mantém o trio de jurados (Crédito: Melissa Haidar/Band)

A partir do dia 20, além da Band, o canal de TV paga Discovery Home & Health também vai transmitir o programa. O reality ainda estará disponível no Discovery+ e no aplicativo BandPlay. Outra mudança é a casa do Masterchef. Pela primeira vez, a atração não foi gravada nos estúdios da Band, no Morumbi. As gravações estão sendo feitas nos Estúdios Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, inaugurado em 1949. O Grupo Bandeirantes de Comunicação conquistou a licitação que dá direito a exploração do espaço pelos próximos três anos.

Outra novidade é a volta do MasterChef Profissionais, que já está com inscrições abertas. A última edição de profissionais realizada foi ao ar em 2018. No mais, a nova temporada volta a explorar as provas externas, dinâmicas conhecidas (leilão MasterChef, desafio do muro e caixa misteriosa), assim como ingredientes inusitados, como cactos e carne de coelho.

MasterChef raiz

Para a apresentadora Ana Paula Padrão, a nona temporada ainda tem tom de retomada. “Nossa primeira grande turma pós-Covid”, aponta. A equipe garante que a edição traz todos os elementos de uma temporada tradicional e deve engajar o público. Marisa Mestiço, diretora da atração, conta que o número de inscritos cresce a cada ano. “Nós fomos aumentando a cultura do MasterChef”, afirma. A diretora também comenta a interação com o público das redes sociais. Ainda que não haja mudanças na temporada, ela explica que o público online ajuda a dar o tom da comunicação. “A internet colabora com insights para que a gente possa abastecer as redes sociais com o protagonismo que ela quer”, analisa Marisa Mestiço.

Patrocínio

A nona temporada do talent show estreia com 13 marcas: Britânia, Cacau Show, Delícia, Diageo e Seara com cotas master; Eisenbahn, NotCo, Outback, Oxford, Royal Prestige e Selmi (Renata) nas cotas chef; Brastemp com o Top de 5 Segundos e Xantinon com cota de participação. O formato MasterChef é representado internacionalmente pela Banijay. Já no Brasil, a produção é da Endemol Shine Brasil para a Band e o Discovery Home & Health.

Paixão pela cozinha

Para promover a nova temporada, a house da Band criou uma campanha com a música “Fogo e Paixão”, de Wando. Além de destacar a paixão envolvida em todos os processos do programa, a ação tematiza os talentos ocultos de cada um dos chefs da atração – rock e tatuagem, com Henrique Fogaça; artes, para Helena Rizzo; e moda, com Erick Jacquin.

 

Matéria original por Meio & Mensagem.